Memória Corporal
Foto de Duda Oliveira
Modelo: Luli Costa
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O ritmo cardíaco de sua mãe, pode ser
sentido através das vibrações do líquido aminiótico, bem como sua voz e sua
respiração. Ao nascer, essa ligação simbiótica com a mãe ainda continua e seu
corpo precisará do contato muito próximo com o corpo de sua mãe, quer seja para
a satisfação de suas necessidades básicas através da amamentação e de sua
higiene corporal, quer seja de sua necessidade de segurança e afeto.
Seus primeiros registros corporais vão se
dando através desse contato maternal, onde uma mãe atenta e carinhosa pode
reconhecer os mais sutis sinais de necessidades de seu filho.
O corpo do bebê é
carregado, lavado, embalado, cuidado e acarinhado e, tudo isso acompanhado
quase sempre da melodia da voz de sua mãe, com conversas, confortos e canções
de ninar.
É já nessa fase do desenvolvimento infantil
que mãe e bebê se comunicam, através de sinais, de toques, de sons, ou seja, a
comunicação se estabelece no nível das sensações, da percepção e da sintonia
entre os dois. A comunicação é corporal, não sendo necessário o entendimento
intelectual de palavras já que "comunicar é primeiro entrar em
ressonância, vibrar em harmonia com o outro" (Anzieu, 2000:76).
Com seu crescimento e desenvolvimento, a
criança deixa de "ser uma" com a mãe e estabelece seus limites no seu
próprio corpo. Os limites são estabelecidos e a pele que antes era a
"bolsa que contém e retém em seu interior o bom e o pleno aí armazenados
com o aleitamento, os cuidados, o banho de palavras" (Anzieu, 2000:62),
passa a ser o limite do que está no interior e o que está fora. A pele agora
limita e protege contra as agressões externas para, num segundo momento, por
ser o meio primário de comunicação com outros, estabelecer relações
significantes.
Com a sensação de "possuir a própria
pele", o ser humano segue relacionando-se consigo, com o mundo e com os
outros. Seu contato com o mundo é registrado em sua pele, em seu corpo, seu
ser, constituindo lentamente o universo de suas vivências.
Fonte: O Eu-pele. Didier Anzieu; Trad. Zakie Yazigi, Rosali Mahfuz - São Paulo:Casa do Psicólogo, 2000. 2ª ed. 310p.
Fonte: O Eu-pele. Didier Anzieu; Trad. Zakie Yazigi, Rosali Mahfuz - São Paulo:Casa do Psicólogo, 2000. 2ª ed. 310p.
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