Sexo e Amor - Lowen

Poucos são os autores que ao falar de sexo, falam de sentimentos ou de amor. Isso também ocorreu na antiguidade. O Tantrismo, por exemplo, dispõe de uma imensidão de práticas e técnicas corporais que visam a “iluminação” através da energia sexual, a Kundaliní. Os sentimentos não eram levados em consideração, mas apenas o aprendizado técnico.

Creio que Alexander Lowen seja um dos autores que observou de forma muito apropriada essa relação entre corpo/sexualidade/amor e portanto, falarei um pouquinho hoje sobre sexo e amor sob seu ponto de vista.

Para Lowen, o amor, enquanto experiência psicológica é uma abstração. Ou seja, é um sentimento dissociado de sua ação correspondente, de antecipação que ainda não encontrou sua concretização. Tem a mesma qualidade de uma esperança, de um desejo, de um sonho. Essas aspirações e sentimentos são necessários à existência humana. Apreciar o amor como fenômeno psicológico, porém, não deve necessariamente cegar a pessoa para a percepção da necessidade de satisfazê-lo por ações. O amor conquista sua realidade no prazer e na satisfação da necessidade biológica de abraçar, enlaçar, unir. O amor romântico é servo da sexualidade e aí desempenha uma função importante.

O amor aumenta a tensão da atração sexual. A pessoa amada é única, jamais genérica. O ditado segundo o qual “a ausência (a distância) faz o coração sentir mais” pode ser interpretado da seguinte maneira: quanto maior o amor, maior a separação. É aí que o sexo entra. O mecanismo inerente ao sexo é de prazer. Sua finalidade é eliminar a distância e descarregar a tensão, produzindo então prazer. Uma vez que a quantidade de prazer está em proporção direta à quantidade de tensão, segundo Freud, quanto mais amor, maior a distância e mais pleno o prazer da união sexual.

O relacionamento entre amor e sexo pode ser apresentado da seguinte maneira. Sexo dissociado de seus correlatos conscientes, quer dizer, o sexo como impulso instintivo, obedece ao princípio do prazer. O acúmulo de tensão sexual leva, nesse caso, a uma tentativa imediata de tensão, usando-se para isso o objeto mais disponível naquele momento. Mas quando o amor passa a fazer parte do enredo, entra em funcionamento o princípio da realidade.

Conhecendo o amor, a pessoa tende a conter a ação, restringindo conscientemente a descarga de tensão sexual, até que se constele uma situação mais favorável, quer dizer, até que seja com uma pessoa amada. A insistência na seletividade e na discriminação para a escolha de um objeto sexual, tendo em vista um maior prazer sexual, é uma das principais funções do amor. Quando a pessoa está em busca de um objeto especial, fica mais consciente das características desse objeto, mais sensível ao amor e ao parceiro amoroso.

Pois é, acredito que sempre vale à pena sair um pouquinho de convenções externas, onde a quantidade de sexo e a performance sexual são valorizadas e desviar nossa atenção. Desviar do externo para o interno, e descobrir nossos reais desejos, necessidades e sentimentos. E só então, como homens e mulheres conscientes de si, entrar em contato com o outro para também descobri-lo como universo repleto de singularidades. E talvez esse encontro seja pleno de prazer e AMOR, por que não?

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