Atividade sexual na gravidez e após a chegada do bebê. E agora, tudo mudou?




Fonte: Portal EscolhaD
Por Fabi Letto

Não há regra definitiva para o ato e a atividade sexual do casal, no período de preparação e chegada de uma nova vida na família. Para enfrentar esse período da forma mais saudável possível, é preciso ter consciência de que constantes novidades e descobertas irão acontecer. Paciência e a certeza de que se trata de uma fase que vai passar, ajudam muito. É o que afirma a especialista em sexualidade humana e terapeuta familiar e de casal, a Dra. Meireluci Costa Ribeiro.

A Dra. Meireluci traça um panorama sobre o impacto da gravidez, do parto e da amamentação na vida sexual do casal, e dá dicas para a retomada da rotina sexual após o parto.

Afinal, a atividade sexual deve ser interrompida durante a gestação?

Não, a atividade sexual de um casal, durante a gestação, é perfeitamente normal e importante. Serve para reforçar os laços de intimidade do casal em um momento especial e novo representado pela chegada de um bebê.

Caso exista algum problema com a gestação, o obstetra pode determinar restrições as atividades sexuais do casal. É interessante diferenciar ato sexual e atividade sexual. A atividade sexual consistente em beijos e carícias, podendo continuar sem nenhuma restrição. Por outro lado, o ato sexual propriamente dito, ou seja, aquele que envolve penetração, pode ser evitado por recomendação médica, em alguns casos como, por exemplo, no de placenta prévia. Mas, de modo geral, tanto o ato quanto a atividade sexual podem prosseguir normalmente até o final da gestação.

Existem períodos da gestação em que as mulheres estão mais ou menos propensas a ter relações com o parceiro?

Sim, isso acontece devido às mudanças que a gestação provoca no corpo e no estado emocional da mulher.

No 1º trimestre de gestação (até a 13ª semana). São muitas as mudanças. Normalmente, a mulher tem muito sono, náuseas, indisposição, quer dormir o tempo todo e o casal tem medo de prejudicar o bebê. É possível que ela ainda tenha cólicas e as mamas estejam bem doloridas. As pesquisas mostram que, nesse período, há diminuição do desejo sexual da mulher a da frequência de coitos. Mas, sempre existem exceções. Há mulheres que têm a libido aumentada ou, ainda, as que não percebem diferença na libido. 


No 2º trimestre de gestação (14ª até a 27ª semana). Tudo se estabiliza. A sensibilidade das mamas e as cólicas diminuíram. O medo de prejudicar o feto, os enjoos e o sono demasiado já passaram. Pesquisas demonstraram que esse é um bom período para se namorar. A mulher está mais sensível, sente mais prazer. A libido aumenta.

No 3º trimestre de gestação (28ª semana em diante). Tudo começa a ficar complicado novamente. O cansaço e o volume do abdômen aumentam. Se estiver no verão, a mulher se sente ainda mais indisposta. Além disso, ela está emocionalmente ansiosa, por conta da proximidade do parto. As preocupações estão voltadas para a chegada do bebê. A libido e a frequência de relações sexuais tendem a diminuir.

Quanto tempo leva para voltar à vida sexual após o parto?

Normalmente são indicados 45 dias para que a mulher retome sua vida sexual, independentemente do tipo de parto (normal, cesárea ou fórceps). Porque esse é o período que o organismo da mulher leva para cicatrizar, voltar ao normal e se recuperar. Mas, mais uma vez, é o médico quem vai liberar o retorno.

Retomar à normalidade da vida sexual pode ter alguns complicadores. Conheça os principais:


  • Estresse da mãe. No início, o bebê pode mamar de três em três horas e, muitas vezes, trocar o dia pela noite. Então, a mãe não dorme, está cansada. Há a mudança hormonal, após o parto. Isso causa estresse, cansaço e muitas vezes, quando sobra um tempinho, a mãe precisa dormir.

  • Dores.. Se o médico liberou o retorno, em tese, estaria tudo tranquilo. Porém, a mulher pode sentir dores provocadas pelo medo. Há também os casos de episiotomia (corte pequeno feito no parto normal para facilitar a saída do bebê), que podem provocar dores. Nesses casos, a região está mais sensível e o receio da mulher é maior. Então, o recomendado é agir com calma e ir muito devagar.

  • Prolactina. Este hormônio, que é liberado quando a mulher amamenta, dificulta sua lubrificação vaginal causando um certo incômodo. Então, indica-se nesse período o uso de lubrificante à base de água.

  • O medo de dor é normal. Na verdade, a região genital feminina fica tão sensível após o parto, que existem casais que dizem que é como se fosse, novamente, a primeira vez.

  • Falta de apetite sexual. Acontece em decorrência de todos os fatores já mencionados, mas principalmente, pelo cansaço da mulher.

  • A retomada deve ser tranquila. Como já se passaram os 45 dias, vamos voltar à atividade sexual? Sim, mas com muita calma e tranquilidade. A retomada tem que ser lenta, pois a mucosa vaginal da mulher, por conta da amamentação, está sensível. Então, a relação sexual tem que ser feita bem devagar.


Dicas para a retomada da vida a dois:

. Uso de lubrificantes. Use lubrificantes à base de água podem ser utilizados sem contraindicação, tanto pela gestante quanto pela mulher que está amamentando.

. Não se compare com outras mulheres ou outros casais. Cada mulher e cada casal tem um ritmo diferente, assim como, há bebês que dormem mais tranquilamente do que outros, e tudo isso pode afetar a retomada da vida a dois. Estudos mostram que a retomada depois do parto pode chegar até a seis meses. É preciso, portanto, ter em mente de que se trata de um momento diferente da vida, mas que essa fase vai passar e tudo voltará à normalidade.

. Tenha paciência. Não se cobre sobre por um eventual comportamento idealizado. Retornar logo à vida sexual, ter desejo de transar de novo. Tudo deve acontecer com calma.

. Estimule seu desejo. Procure ter um tempo a sós com o companheiro e escolha alguma atividade que estimule sua libido, como, por exemplo, lendo um texto ou assistindo um filme com conteúdo sensual/erótico, assistindo, fazendo uma massagem ou simplesmente tendo uma conversa íntima..

. Procure ajuda. Se a situação estiver complicada, procure a ajuda de um especialista em sexualidade que poderá orientar nesse processo de transição.

Para saber mais, consulte seu médico e um especialista sobre sexualidade.

Meireluci Costa Ribeiro é Doutora em Ciências pelo Departamento de Obstetrícia da Unifesp, especialista em sexualidade humana e terapeuta familiar e de casal.

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